sexta-feira, 30 de agosto de 2013

Marquês de Sade

Donatien Alphonse François de Sade, o Marquês de Sade foi um aristocrata francês e escritor libertino. Muitas das suas obras foram escritas enquanto estava na Prisão da Bastilha, encarcerado diversas vezes, inclusive por Napoleão Bonaparte. De seu nome surge o termo médico sadismo, que define a perversão sexual de ter prazer na dor física ou moral do parceiro ou parceiros. Foi perseguido tanto pela monarquia (Antigo Regime) como pelos revolucionários vitoriosos de 1789 e depois por Napoleão.


Sade era um nobre. Filho de um conde diplomata e militar, ele nasceu em junho de 1740 no palácio de La Coste, em Paris. Seguiu a carreira militar e, aos 16 anos, lutou na Guerra dos Sete Anos, na qual a França e a Áustria disputaram com a Inglaterra e a Prússia territórios e destinos comerciais. Quando voltou do conflito, foi obrigado pelo pai a casar-se com Renée-Pélagie de Montreuil. Filha de uma família de nobreza recente e com influência na corte, Renée tinha dois problemas, que se tornariam as perdições da vida de Sade: uma mãe muito poderosa e uma irmã mais jovem e mais bonita.

O primeiro escândalo na vida do marquês ocorreu cinco meses após o casamento. Em outubro de 1763, foi acusado pela prostituta Jeanne Testard de obrigá-la a renegar Deus e a realizar “atos de sacrilégio” com imagens cristãs enquanto mantinham relações sexuais. Acabou preso, mas, graças à influência da sogra, ficou na cadeia menos de um mês. A sogra ainda o livrou da forca em 1772, quando Sade intoxicou uma prostituta – quando em uma festinha ele ofereceu um bombom com um licor afrodisíaco e ela quase morreu.

Sua esposa sabia de suas traições, mas, mesmo assim, se manteve a seu lado por 27 anos, além de dar-lhe três filhos. Um deles, Donatien-Claude-Armande, queimou quase todos os manuscritos e correspondências do pai após sua morte. Se Renée fechava os olhos para as traições do marido, o mesmo não fazia sua mãe. De protetora, a sogra passou a perseguidora quando Sade revelou que mantinha um caso com a cunhada, Anne-Prospère. O casal fugiu para a Itália. Ela conseguiu localizá-los e pediu ao rei da Sardenha em pessoa, Carlos Emanuel III, que expedisse uma ordem de prisão contra o marquês – embora sem acusação alguma. A sogra ainda se incumbiu das despesas de seu cárcere forçado na fortaleza de Miolans, em Savóia, entre a Itália e a França. Em abril de 1773, o marquês conseguiu fugir.

Em 1775, uma orgia envolvendo empregados do castelo, Sade e a própria mulher, Renée, veio à tona. O processo foi aberto pelo pai de uma das criadas que participaram da festa – além de enfrentar o marquês nos tribunais, ele deu dois tiros em Sade, que se salvou graças à má pontaria do atirador.

Em janeiro de 1777, a sorte do nobre mudou. A sogra conseguiu que o rei emitisse uma carta de prisão, chamada lettre de cachet. Dessa vez, por 13 anos. E também sem um crime propriamente dito.

Na prisão passou quase um terço da sua vida, lendo muito e foi onde produziu toda sua abra.

Além de escritor e dramaturgo, foi também filósofo de ideias originais, baseadas no materialismo do século das luzes e dos enciclopedistas. Sade era adepto do ateísmo e era caracterizado por fazer apologia ao crime (já que enfrentar a religião na época era um crime) e a afrontas à religião dominante, sendo, por isso, um dos principais autores libertinos - na concepção moderna do termo. Em suas obras, Sade, como livre pensador, usava-se do grotesco para tecer suas críticas morais à sociedade urbana. Evidenciava, ao contrário de várias obras acerca da moralidade, princípios contrários ao que os "bons costumes" da época aceitavam; moralidade essa que mostrava homens que sentiam prazer na dor dos demais e outras cenas bizarras, que não estavam distantes da realidade. Em seu romance 120 Dias de Sodoma, por exemplo, nobres devassos abusam de crianças raptadas encerrados num castelo de luxo, num clima de crescente violência, com coprofagia, mutilações e assassinatos - verdadeiro mergulho nos infernos.

Duas personagens criadas por Sade foram suas ideias fixas durante décadas: Justine (que se materializou em várias versões do romance, ocupando muitos volumes), a ingênua defensora do bem, que sempre acaba sendo envolvida em crimes e depravações, terminando seus dias fulminada por um raio que a rompe da boca ao ânus quando ia à missa, e Juliette, sua irmã, que encarna o triunfo do mal, fazendo uma sucessão de coisas como matar uma de suas melhores amigas lançando-a na cratera de um vulcão ou obrigar o próprio papa a fazer um discurso em defesa do crime para poder tê-la em sua cama. As orgias com o papa Pio VI em plena Igreja de São Pedro, no Vaticano, fazem parte da trama sacrílega e ultrajante do romance Juliette, com a fala do pontífice transformada em agressivo panfleto político: A Dissertação do Papa sobre o Crime. Sade tinha o costume de inserir panfletos político-filosóficos em suas obras. 

Na velhice, já separado de Renné, sua primeira mulher, mas, como sempre, preso por causa de suas ideias e de seu comportamento libertino, foi amparado pela atriz Marie-Quesnet, que se mudou com ele para o Hospício de Charenton. Nessa época, sob o olhar tolerante de Marie-Quesnet, enamorou-se da filha de uma carcereira que tinha 14 anos quando o conheceu. Todos esses fatos estão rigorosamente documentados por Gilbert Lely, o mais importante biógrafo de Sade, compilador de suas cartas e autor do clássico 'Vida do Marquês de Sade'.

Sade morreu aos 74 anos, amado por duas mulheres, com quem planejava produzir peças teatrais pornográficas quando um dia saísse do hospício.

Tanto o surrealismo como a psicanálise encamparam a visão da crueldade egoísta que a obra de Sade expõe despudoradamente. Um exemplo de influência do Marquês de Sade na arte do século 20 é o cineasta espanhol Luis Buñuel, que em vários filmes faz referências explícitas a Sade: em A Idade do Ouro, por exemplo, retrata a saída de Cristo e dos libertinos do castelo das orgias de Os 120 dias de Sodoma. O sadismo também está explícito nas imagens mais surrealistas produzidas por Buñuel, como a navalha cegando o olho da mulher em O Cão Andaluz. Também há fortes referências sadianas em A Bela da Tarde e em Via Láctea, no qual aparece uma Cena em que Sade converte uma indefesa menina ao ateísmo.

A influência de Sade pode ser notada também em autores como o dramaturgo francês Jean Genet, homossexual, ladrão e presidiário, que retoma muitos dos temas do marquês, também desenvolvidos em ambientes carcerários franceses.
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